domingo, 26 de abril de 2009

Mesmos filmes, outros olhares

Ontem assisti o Quase Dois Irmãos, da diretora Lúcia Murat, e quero compartilhar com vocês a minha sensação ao ver o filme. A temática abordada está em voga nas produções brasileiras, trata da dicotomia entre negros e brancos, pobres e ricos e mostra a realidade da favela (Morro do Macaco), no Rio de Janeiro. Sei que essa temática foi e está sendo muito abordada pelo cinema brasileiro, mas considero esse filme em especial, pois ele se utiliza da sutileza dos diálogos entre os principais personagens para narrar a trama, ainda assim existe muita violência, como não poderia ser diferente.
O filme faz exploração do cinema marginal, mostrando o dia-a-dia de uma cadeia e o comportamento de seus presos. Contudo, até mesmo dentro dessa cadeia há a dualidade de presos comuns e presos políticos. O filme narra a história de dois meninos que cresceram juntos, mas sempre se encontram de lados opostos em sua vida adulta, são eles Jorge e Miguel. O primeiro filho de um sambista, morador do Morro do Macaco e o outro filho de um Jornalista branco. A vida dos dois se aproxima, depois de muitos anos, na cadeia, quando passam a conviver juntos, Miguel preso pela ditadura militar e Jorge por assalto e estelionato.
Segue assim a trama, mostrando a convivência dessas duas correntes dentro da cadeia e relembrando suas desventuras do passado.
O filme vale a pena não pela temática, nada criativo, mas pela forma inteligente de contar o que sabemos bem, pelo modo inovador de falar do mal que nos incomoda tanto e é utilizado como fórmula mágica no cinema, penso que até isso seja uma crítica velada aos modelos cinematográficos brasileiros, a velha fórmula hollywoodiana com a temática típica do Brasil.

Abraços!

2 comentários:

  1. O q especificamente vc quer dizer quando diz que o filme" faz exploração do cinema marginal"?
    Abraço
    Verve

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  2. Nesse aspecto digo, ainda que inconscientemente a diretora faz referência ao cinema marginal, no tom de Denúncia que o filme aborda. Contudo, observo que não é um filme experimental ou mesmo feito com parcos recursos, assim como o Cinema Marginal se caracterizou, mas, a meu ver, o filme faz uma alusão a esse tipo de cinema, não tanto pela temática, mas pelo tom denunciativo que se proclama o tempo todo. Verve, o que você acha?

    Modi

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